quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O arquipélago de ser inútil

Olá, parceiros de bordo!

Hoje a postagem é destinada a compartilhar a primeira parte de um processo de condução dos laboratórios de criação do Retrato pelos próprios atores. A proposta é antiga, está entre nós desde a vinda de Odilon, e enfim a estamos colocando em prática. A primeira atriz a conduzir o processo foi a Paulinha - eu - que teve como estímulo uma provocação feita pelo nosso assistente de direção Alex Cordeiro: criar "imagens que calam". Essa primeira parte das conduções teve duração de três dias, mas os materiais levantados continuam sendo trabalhados.

Agora, falando em primeira pessoa, confesso que a palavra "condução" sempre me gera uma mistura difícil de sentimentos. Ansiedade, preocupação e curiosidade, são bons exemplos do que sinto. E dessa vez não foi diferente. Mas me peguei em Manoel e na confiança que tenho em meus parceiros e preparei o trabalho com muito carinho.

Movida pelo estímulo "imagens que calam" e por uma recente experiência com rasaboxes, propus aos meninos uma experimentação em um quadro de ser inútil - que mais tarde passou a se chamar arquipélago. O quadro era composto por nove ações manoelescas - como "olhar de azul", "usar um deformante para a voz" - e, ao ser adentrado, deveria ser investigado sem pudor e sem racionalização, utilizando o corpo, a respiração e a caixinha de surpresas que é a imaginação de cada um. Após essa primeira investigação, foi o momento de preencher o quadro com os nossos objetos de descarte e utilizá-los junto às ações manoelescas.

Sem pretensão, percebi que tinha descoberto uma ferramenta muito potente de criação. Além de provocar estados bastante interessantes nos corpos dos meninos, o quadro de ações junto aos objetos era um verdadeiro núcleo de parimento de criaturas manoelescas. Criaturas estranhas, carismáticas, enigmáticas e feitas de poesia pura!


       Me debrucei sobre essa descoberta e continuamos construindo essas criaturas até hoje. Criaturas que brotam do descarte, das páginas de Manoel e reinam absolutas no arquipélago de ser inútil. 

Paulinha.
     



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